Incontinência urinária pós-prostatectomia radical

A incontinência urinária pós-prostatectomia radical (IUPPR) é a sequela cirúrgica que apresenta o maior impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes. Na literatura médica, sua incidência é bastante variável – 2,5% até 87%. Esta variação está relacionada à definição da incontinência utilizada no trabalho, do tempo pós-operatório utilizado na avaliação e da técnica cirúrgica empregada. A evolução da técnica cirúrgica utilizada nas prostatectomias radicas nas últimas décadas, bem como o desenvolvimento de novas técnicas minimamente invasivas, trouxeram resultados positivos na diminuição destas taxas.

Em cerca de 90% dos casos, a IUPPR está associada à deficiência do esfíncter urinário, levando os pacientes à queixa de perda com movimento, tosse, espirro, ao levantar etc, até uma perda contínua em pacientes com uma deficiência esfincteriana mais intensa. Uma parcela dos pacientes pode apresentar uma incontinência associada ao desenvolvimento da hiperatividade detrussora (bexiga hiperativa) e, mais raramente, pode haver uma associação com uma obstrução da uretra (em geral, na área da  sutura entre a uretra e bexiga), levando a uma incontinência urinária paradoxal.

O convívio do homem com a incontinência urinária é muito difícil (episódios de perda na roupa, uso de fraldas, perda do convívio social, medo do cheiro da urina), e em muitos casos observamos a associação com a depressão.

É importante ter em mente que a imensa maioria dos homens que apresentam algum grau de incontinência urinária no pós–operatório imediato  vão recuperar o controle da urina com o passar de semanas ou meses. Na abordagem inicial, a FISIOTERAPIA PÉLVICA parece ter uma papel bastante positivo em acelerar esta recuperação, e pode ser associada com o TRATAMENTO MEDICAMENTOSO, quando pertinente.

Na incontinência por deficiência esfincteriana estabelecida (passado um período de 6 meses a 1 ano da cirurgia),  o tratamento cirúrgico é aquele que apresenta os melhores resultados. Alternativas minimamente invasivas ao tratamento cirúrgico já foram apresentadas, como o uso de INJEÇÕES PERIURETRAIS e BALÕES PERIURETRAIS, porém, todos com resultados bastante limitados.

São dois os tratamentos cirúrgicos mais utilizados e com resultados mais consistentes na literatura médica – o uso de SLINGS  e o uso do ESFÍNCTER URINÁRIO ARTIFICIAL.

Os SLINGS são uma opção para o tratamento de quadros de incontinência mais leves (perda urinária em 24h < 500 gramas). Consiste na colocação de um material sintético em contato com a uretra bulbar, objetivando a sua compressão ou reposicionamento. Independentemente do tipo de material utilizado (silicone ou telas de polipropileno), o paciente não necessitará acionar nenhum mecanismo para liberar a micção. O grande segredo para otimizar os sucessos dos SLINGS é a adequada seleção dos pacientes.

No caso do ESFÍNCTER URINÁRIO ARTIFICIAL, um sistema  hidráulico de silicone, preenchido por líquido (contraste ou solução salina) é implantado no paciente. Este sistema é composto por 3 peças – o  “cuff” colocado ao redor da uretra é responsável por manter a compressão sobre o órgão, e a consequente continência – o balão, é um reservatório implantado na região inferior do abdômen e o “pump”, implantado na bolsa escrotal, que é responsável pelo esvaziamento do “cuff” no momento da micção.  Diferentemente dos SLINGS, o esfíncter urinário artificial necessita da manipulação do paciente no momento da micção. Nenhuma destas peças fica externa ao corpo, e apenas o “pump”, na bolsa escrotal, é palpável. A taxa de pacientes completamente secos com o implante é de cerca de 60%, mas cerca de 85% referem uma melhora significativa da perda, o que faz com que este tratamento seja considerado o padrão ouro no manejo da IUPPR associada à deficiência esfincteriana. Outros traumas cirúrgicos ou externos, bem como patologias congênitas ou adquiridas que atinjam o mecanismo esfincteriano, também podem ser manipuladas com o uso do ESFÍNCTER URINÁRIO ARTIFICIAL.

Erosão da uretra, infecção da prótese, atrofia da uretra e mau funcionamento mecânico são possíveis complicações deste tipo de implante, e podem ser responsáveis pela necessidade de revisões e até mesmo a remoção completa do esfíncter artificial. Estas complicações parecem ser mais comuns em pacientes que receberam tratamento com radioterapia ou que necessitaram da realização de uma uretroplastia (cirurgia na uretra) antes do implante do esfíncter.

Apesar de a primeira versão do ESFÍNCTER URINÁRIO ARTIFICIAL ter mais de 30 anos, muitos homens portadores de IUPPR desconhecem este tipo de tratamento e convivem com a incontinência urinária, impactando a sua qualidade de vida.  

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InformaçõesAdicionais –

http://www.promedon.com/promedon/moviles/argus/download/ArgusPORT.pdf